Durante a gestação o trabalho do pai é acompanhar a mãe e fazer tudo para que ela se sinta mais confortável, e ela já começa a sentir as mudanças no corpo, já vai criando uma ligação com o bebê, e o pai tem que aprender a criar essa ligação, porque não sentimos as mesmas sensações que a mãe, só sabemos que o bebê está mexendo quando a mãe avisa, por isso a mãe já se sente mãe antes do pai se sentir pai, pois nós saímos com nove meses de desvantagem em relação a mãe, pois o bebê só vai nos ver e nos conhecer quando nascer.
Eu passei os nove meses procurando ser a pessoa mais útil do mundo, apesar de morar em cidades diferentes, sempre que era necessário eu estava junto dela, ia nas consultas, nos exames, estava presente sempre, mas tivemos muita sorte nessa fase, minha sogra também sempre esteve do lado, meus pais sempre mostraram disposição para qualquer coisa e a minha irmã também nos acompanhou, ou seja, apoio não faltou.
No dia de fazer o exame para saber o sexo do bebê eu estava muito nervoso, mas muito nervoso mesmo, porque uns achavam que ia ser menino outros diziam que ia ser menina, e eu tentava ser político dizendo que não importava o sexo do bebê, mas dentro da minha mente eu gritava: TOMARA QUE SEJA MENINAAAAAAAA! Pois é, embora na maioria das vezes o pai prefira um menino para ser seu companheiro, eu desde sempre quis ser pai de menina, eu acho que é um desafio legal, então quando o médico disse que ia ser menina eu confesso que fogos de artificio explodiram na minha cabeça.
A gravidez foi tranquila, e o data prevista para o nascimento estava chegando, a ansiedade aumentando, as noites cada vez mais mal dormidas devido a expectativa (estou falando de mim, a minha esposa dormiu bem sempre hahaha) até que chegou o dia e nada... Sério, nenhuma contração, nenhuma dor, nadinha, vamos para mais uma consulta, o médico pediu para ela caminhar bastante, e esperar que a qualquer momento poderia nascer. Acho que ela deu uma volta ao mundo caminhando, e nada, tudo que podia fazer foi feito, até que uma semana depois da consulta, pela manhã, eu estava indo dar aula num estágio que estava fazendo o telefone tocou, minha sogra dizendo que ela estava com dor e estavam indo para o médico, depois me ligaram pra dizer que aquele era o dia, minha filha iria nascer.
Lógico que larguei tudo que estava fazendo e fui para casa dela, mas ela já estava no posto de saúde esperando uma requisição para ir para o hospital, o que aconteceu perto das 14:00, lá me falaram que o bebê iria nascer a noite, ia demorar um pouco, então perto das 16:00 fui acertar umas coisas que tinha que fazer, botar gasolina no carro, levar meu sogro no mercado, fazer tudo que podia para depois ficar no hospital esperando. Mas não era 16:30 minha sogra ligou, atendi achando que ela ia pedir para eu levar alguma coisa, mas não era, ligou para me avisar que a Vivi tinha nascido, rápido assim, eu lembro que saí correndo para o hospital, pensando em tudo que iria fazer quando chegasse lá, mas o que eu mais pensava é que a Vivi esperou eu sair para chegar.
Quando cheguei no hospital, minha sogra me recebeu, falou que estava tudo bem, e a hora que elas estivessem prontas iriam me chamar pra eu conhecer minha filha. Confesso que eu abri a porta pra tentar espiar mas a enfermeira não deixou eu entrar e disse que ia trazer ela pra mim.
Mas demorou, eram quase 18:00 quando escutei um barulho na porta, a enfermeira me chamou, e foi quando a ficha caiu de vez, olhando aquele bebêzinho cabeludo, pequeninho, com a pele enrugadinha, mas com os olhos abertos, nos encarando, que eu era PAI, nesse momento eu só pude dar um beijo nelas e sair porque a enfermeira disse que elas iam para o quarto em seguida.
Ás 19:30 elas foram pro quarto, já estava toda família esperando, e nesse dia a vida de todos nós começou a mudar, porque todos estavam ali por causa dela, e eu percebi que não precisava me preocupar com mais nada, pois tudo que eu precisava para fazer minha filha feliz estava naquele quarto, uma família disposta a ajudar.